quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Como enfrentar e superar a situação do Brasil?

Para começar, lemos a última postagem, relacionada ao café. Entre outros assuntos, falou-se também de assembleia, greve e o momento político atual da cidade, que será conversado em Assembleia.

A reunião começou com a proposta do tema ser as limitações e potencialidades, porém após as primeiras considerações que tivemos (o medo, a não-perfeição do ser humano, fato de cada um ter a sua história e a superação dos limites), a tônica do grupo foi a política!

Ron: (Quem impõe os limites) São os políticos, quando algo sai do normal, eles caem matando.

Ana Paula: Eu já superei vários problemas.

Victor: O risco de greve, salários trazem esses assuntos à tona.

Mirian, ainda nos limites, levantou a questão de como seriam as coisas se não houvessem limites?

Elvira: Seria a anarquia, sem nenhum controle.

Sílvia relembrou anos da ditadura, de não poder ficar sozinho na rua, e de estar em casa às 22:00. Disse que gostou dessa época.

Ana Paula e Ron falam de seus dias de cara-pintada.

Roberto fala de casos policiais recentes, e que a justiça impera.

Ron traz o Movimento de Ação Secundarista. (O movimento foi chamado Secundarista por estar relacionado ao nível de ensino do segundo grau (atualmente denominado de ensino médio). Em São Paulo, assim como os movimentos universitários, ele foi praticamente extinto pelaRegime Militar de 1964. O movimento só ressurgiu em 1967, nas setembradas de 1967, que foi primeira ocasião em que estudantes do segundo grau foram à rua protestar contra o regime militar.)

Elvira recorda o Projeto Rondon. (O Projeto Rondon prioriza, assim, desenvolver ações que tragam benefícios permanentes para as comunidades, principalmente as relacionadas com, a melhoria do bem estar social e a capacitação da gestão pública. Busca, ainda, consolidar no universitário brasileiro o sentido de responsabilidade social, coletiva, em prol da cidadania, do desenvolvimento e da defesa dos interesses nacionais, contribuindo na sua formação acadêmica e proporcionando-lhe o conhecimento da realidade brasileira.)

Victor: Então falamos de limites, e os primeiros limites de que falamos são os limites que a política nos impõe em nosso cotidiano.

Ron: Eu vejo o medo das pessoas ao andar na rua. E falou-se sobre medo e violência.

Miriam: A violência limita a nossa liberdade.

Sílvia e Ron debatem sobre os tempos de adolescência, e trazem as limitações financeiras, que, conclui o grupo, também são resultado de políticas.

Quésia traz notícias sobre mais impostos e tributos que os contribuintes terão de pagar, o que fez o grupo falar e discutir.

E então, o que fazemos com isso?

Muitos murmúrios de "Manifestar!", "Quebrar tudo!", até que Lucas diz: Não é só ir e votar no dia de eleição, mas viver em estado de democracia, colocando seus ideais em prol da massa.

Ana Paula: E o Trump nos Estados Unidos? Aquele maluco.

Discutimos também a reforma do Ensino Médio no país, e seus possíveis desdobramentos e retrocesso que podem acontecer devido a esse processo.

E nesta quarta-feira, o grupo foi indo e indo, autônomo, fluindo e discutindo, falando, desabafando sobre a situação em que vivemos, como vivemos... e paramos de anotar para essa postagem, eram muitas sensações e falas que se atravessavam, concordamos em traduzir em música e imagens!

"o homem é um animal político por natureza" - Aristóteles



https://www.youtube.com/watch?v=z6uM7FehywQ

https://www.youtube.com/watch?v=Gp35LvnRNHM

https://www.youtube.com/watch?v=1ZNNUU_AbXs

https://www.youtube.com/watch?v=YwqoeKlaJQs


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

"Ninguém tomou café!"

Ron trouxe o assunto do café, que está sempre permeando o cotidiano da unidade. Um questionamento inicial foi de quanto o café interage com a medicação - "Tem gente contra e gente a favor!"

Manoel, Ron e Radyr começaram a falar sobre seu consumo pessoal do cafezinho no dia-a-dia fora do NAPS (ou CAPS, como foi discutido nesse encontro também), já que o cafezinho puro não é servido na unidade. No fim das contas todos os participantes tomam café, todos os dias. Quisemos, a partir desse encontro falar sobre o "monstro do café", dentro e fora da unidade!

Elvira: "Os pontos bons do café são que ele desperta, ativa o raciocínio, mantém concentrado... mas varar a madrugada, junto com refrigerantes já é demais. Tem de se ter um equilíbrio!"

Radyr: "Nós fizemos a visita (com o CAPS) ao Museu do Café, na Bolsa. Lá tomamos cafés diferentes (com leite, tipo exportação), degustamos."

E então levantamos a questão de onde e como o café está presente em nossas vidas: os afetos relacionados à bebida.

Elvira: "O cafezinho serve para bater um papo - vamos tomar um café? - No trabalho, para o encontro entre os colegas."

Manoel: "Quando a gente recebe visita em casa, a gente faz um café para quem chega."

Ron: "Ouvi dizer que faz bem pro coração!"

Radyr: "O café preto aqui foi cortado porque alguém disse que cortava o efeito da medicação" - discutimos que cada pessoa tem um esquema medicamentoso diferente, então não podemos dizer que essa afirmação é precisa.

Ron, Radyr e Manoel discutiram ainda que em outras instituições a bebida era liberada!

Elvira: "Pode proibir aqui, mas lá fora nós tomamos à vontade!"

Ron: "Faz bem para alguns, ativa e para outros, faz mal, desativa né?"

Marcelo: "Eu tomo uma xícara assim (gesticulando a grandeza da caneca), de manhã e de tarde. Há boatos que tira o sono!"

Discutimos também outros alimentos com cafeína, como refrigerantes e chá, que inclusive é oferecido no CAPS. Além de outros produtos com sabor de café.

Elvira: "O Brasil quer importar o café do Vietnã, acho isso um absurdo."

Maria Bernadete: "Um pouquinho não faz mal para ninguém."

Alfredo: "Antes de praticar esporte, também deixa a gente ligado."

Elvira: "O aroma do café faz lembrar de nossa casa, nossa infância, assim como um bolo quente. Isso traz lembranças afetivas."

Ana Carolina: "O cappuccino tira um pouco do amargo do café."

Ron: "E tem o café descafeinado!" - Instantâneo, solúvel, entre outros...

E a discussão chegou novamente ao ponto em que as pessoas tomam café.

Alfredo: "Meu pai só deixava tomar um golinho do copo dele." Wagner também disse que não tomava café quando criança, ao contrário dos outros usuários, que com mais idade, tomaram café em sua infância!"

Ana Carolina retomou a visita à bolsa e Radyr falou que o café tem a função de socializar.

Ron: "E tem também aquele cafezinho de cortesia após o almoço."

Marcelo e Manoel conversam sobre as quantidades enormes de café que suas famílias fazem, ou faziam.

Lemos a reposta da pergunta que enviamos aos nutricionistas da prefeitura, que recomendou que o consumo não fosse proibido, mas restringido pela unidade, pelo potencial de interação com os medicamentos.

Elvira: "Seria melhor se estivessem presentes aqui, para discutir essa questão." - levantaram também que deixaram a questão no ar, sem muitos encaminhamentos objetivos.

Wagner: "Disseram não e pronto" e Ana Carolina falou do termo "restrição" e não de proibição!

Elvira reafirmou que não adianta proibir aqui dentro.

Ana Carolina: "Se os usuários que tomam medicação não tomam café, então os funcionários também não deveriam tomar. Quando estava internada, uma pessoa tomou refrigerante enquanto trabalhava e isso trouxe problemas para mim."

Radyr: "Se aqui não é servido, é para o equipamento não assumir responsabilidade!"

Alfredo: "Só tomando café na rua mesmo." Na rua, "é liberado" - de acordo com Radyr. Ron e Marcelo concordam que as reações acontecem de organismo para organismo.

Algumas questões:

- É hábito, costume, mas vicia também. Entre essa, quais as outras dependências temos aqui na unidade?
Listamos: MEDICAÇÃO, jornal, música, cigarro, atividades, atenção dos técnicos. 

-Questão: Se temos tanta dependência das coisas daqui, qual a importância desse lugar para nós?
"Esse lugar dá fé para nós", convivência com amigos, integrar à sociedade, compartilhar experiências, socializar!

-Por que trazer o café, então?
Porque é hábito, costume, cultura, rotina.

- E onde cultivamos hábitos, rotinas?
-"Em nossa casa!!!" - disse Marcelo. 

-Então trazemos um pouco de nossa casa para cá, este espaço se torna uma casa, de convivência e relações. Como tornar esse lugar mais de nossa casa e casa de todos?

Ana Carolina: "Podíamos ter trazido um quilo de café cada um para fazer uma oficina!"

E por que não?

Até!











quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Assim não dá!

No segundo dia de fevereiro, o grupo deste blog se reuniu novamente para que trouxéssemos novos temas à luz da discussão e para elaborarmos uma nova postagem. Algumas pessoas trouxeram matérias de jornal e colocaram os temas das mesmas para serem discutidos.

Entre a polêmica com o apagar dos grafites na cidade de São Paulo, a intolerância do novo presidente dos Estados Unidos com os imigrantes de países muçulmanos e a condição dos equipamentos de saúde mental em Santos, preferimos falar sobre o que acontece em nossa cidade.

Marcelo Damião pediu, para encerrar bem o assunto das últimas semanas com a definição do dicionário:


Começamos nosso velho novo assunto motivados por uma matéria que saiu no Jornal A Tribuna, que falava sobre as condições precárias do NAPS II, em Santos, com o título: "Saúde pública em Santos está na UTI: espaços deteriorados e sem recursos" - Link: http://www.atribuna.com.br/noticias/noticias-detalhe/cidades/saude-publica-em-santos-esta-na-uti-espacos-deteriorados-e-sem-recursos/?cHash=402552c1f39a47378e1755011a684e1a

Durante a leitura, pontuamos algumas coisas e uma delas foi a possibilidade de terceirização dos serviços de saúde mental, onde se repassa o bem público da saúde, direito do povo, às mãos de quem visa o lucro. Falamos sobre as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) da cidade, e como ocorreu esse processo.

Após a matéria, abrimos para os debates:

Manoel: "Se fechar (o NAPS II) lá, aqui vai fechar também? Vai vir alguma pessoa para cá?"

Ana Paula: "Aqui é o melhor (NAPS): vocês dão carinho para nós mas é difícil o tratamento, tem poucos funcionários - enquanto isso, alguns outros usuários diziam que conheciam outros serviços de saúde e outros não.

Elvira: "A Prefeitura quer explicar, mas nós temos senso crítico: a tendência é piorar."

Marcelo: "Nós estamos sucateados."

Radyr e Anislei falaram sobre as condições da unidade antiga do CAPS III Praia, e falam sobre o medo da perda de qualidade, de perder o contato com a equipe multidisciplinar e da mudança em si.

Ana Paula: "Tenho uma amiga no NAPS II e ele está completamente abandonado, pouca gente."

Elvira: "O medo que nos temos é disso aqui se tornar um lugar de apenas pegar remédios, como diz na matéria!"

Alfredo: "Tenho a impressão de ver gente viciada em remédio aqui."

Elvira: "Mas algumas pessoas são, isso acontece."

E levantamos a questão se essa unidade melhorou ou piorou: alguns concordaram que o convívio é melhor do que antes. Mas Marcelo falou: "Sempre tem alguma coisinha pra melhorar." Essa afirmação trouxe muitas falas dos participantes.

Elvira: "Nós poderíamos ter mais atividades extramuros, atividades fora daqui."

Ana Paula: "Poderia ter mais gente para atender o telefone, porque quando eu ligo aqui é difícil me atenderem."

Anislei: "O que precisa aqui é abrir o portão para quem precisa ser internado à noite: às vezes a gente surta, fica louca no meio da noite e tem de ir lá pra Zona Noroeste!"

Alfredo: "A imposição dessa terceirização pressiona a gente."

Ron: "A maldade que fazem com a gente é muito ruim, atrapalha nosso crescimento. Se for para fazer desse jeito, mais fácil colocar todo mundo na parede e fuzilar."

Após algumas risadas com a afirmação de Ron, as demandas continuaram, como a obrigação de vir à unidade frequentemente e de acordar cedo, a reafirmação do desejo do psiquiatra e psicólogo 24 horas na unidade.

Manoel: "Olha, eu fui muito maltratado em algumas instituições!"

Sílvia: "Mas para emergências, nós temos de acionar o SAMU e ir ao PS."

Anislei: "Mas pode ser aqui!"

E assim foi levantado um debate sobre o cuidado da urgência psiquiátrica ser realizado na UPA ou no próprio CAPS.

Manoel: A assembleia (realizada na unidade) existe para isso!"

Anislei: "Isso tem que dar impulso e reagir! Tomar alguma atitude!"

Sílvia: "E também existe o espaço do Conselho para isso."

Outro debate foi levantado, o dos Conselhos Gestores Locais e Municipais, levando Ana Paula a perguntar: "e por que a gente não vai (nos conselhos)". Também se falou de Sindicatos e Conselhos Regionais.

E uma última pergunta foi feita: o que fazemos para melhorar para isso?

Marisa: "Temos de ser mais amáveis uns com os outros."

Radyr: "Denunciar!"

Lucas a Ana Paula: "Podemos fazer abaixo-assinado e passeatas!"

Anislei: "Mas até os que vem só para pegar remédio tem que ir."

Elvira: "Acho que a exposição na mídia ajudou muito, cumpriu a função do jornalismo."

Encerramos, com muitas conversas efervescendo com as pessoas do grupo, reverberando na assembleia e em outros espaços.

Ilustremos então:





E para recordar: Manicômio nunca mais!