segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Preconceito louco

Nossa pauta de hoje começou a ser discutida através da falta de outdoor em nossa unidade.
Pensamos que não ter a placa em nossa unidade acaba por não nos identificar, não dizer quem somos nós e pra que serve este serviço de saúde mental.
Ficamos anônimos.
Ao mesmo tempo, sabemos que, infelizmente, existe um preconceito das pessoas que, quando veem a identificação do serviço, querem passar longe.

Entretanto, muitos que precisam do serviço, sem a placa de identificação, ficam sem saber que aqui poderiam buscar ajuda em saúde mental.

Após discutirmos sobre ter ou não ter uma placa de identificação do serviço, passamos a refletir sobre o preconceito que sofremos e que, em alguns momentos, também fomos preconceituosos.

"Rola o preconceito. Já neguei o tratamento, porque não queria assumir a doença. A placa que me espantou! Já sofri preconceito de amigos, que inclusive também precisavam de ajuda." - Alfredo

"Eu estava sentada no banco, quando entrou essa senhora que é minha amiga na igreja. Ela me perguntou:
- O que você está fazendo aqui? Aqui só tem pessoas loucas!
- Estou me tratando - respondi
- Você que sabe, estou indo embora. Vou rezar por você!" - Yara

"Qualquer coisa chamam de louco! Só porque estou aqui me chamam de louco!" - Marcelo

"Está nos atos das pessoas" [a loucura]. "O que fizemos de anormal? Somo doentes, não loucos!" - Marcelo

"Quem vem aqui acha que se entrar vai ficar louco" [risos] "Louco é aquele que faz loucura!" - Marcelo

O preconceito vem desde a época do Anchieta - antigo hospital psiquiátrico do município de Santos/SP - somente depois foram organizados os CAPS, porém o preconceito continua.
Há também o preconceito em relação à medicação...

"O que tem que mudar em relação ao CAPS é o conceito que as pessoas tem sobre o serviço!" - Radyr

Exibindo IMG_20160808_102024749.jpgExibindo IMG_20160808_102030902.jpg
Essas são nossas placas fixadas internamente no serviço.

A visibilidade traz conhecimento.
A harmonia traz a esperança.
A saúde traz benefícios.
O preconceito traz ignorância.

E aí pensamos...
O que é normal?
O que é padrão?
O que é loucura?
Somos todos diferentes, mas somos todos iguais.

3 comentários:

  1. A falta de uma placa de identificação sempre me intrigou, porque as pessoas necessitadas de auxílio terapêutico não sabiam que poderiam encontrar ajuda no Caps As colocações acima foram muito produtivas e me fizeram pensar no famoso conto "O Alienista", de Machado de Assis, no qual o personagem Simão Bacamarte, psiquiatra, resolveu internar quase toda a população da cidade na Casa Verde, a qual presidia, chegando ao ponto de internar a própria mulher. No final, após muito estudar, ele mandou soltar todos os internos porque, como ninguém, a seu ver, era perfeito, exceto ele próprio, o alienista concluiu ser o único anormal e decidiu trancar-se sozinho na Casa Verde, para o resto da vida. Em suma, ninguém é totalmente "normal", não existe um "padrão" de normalidade exato.

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  2. Boas considerações, Elvira! Quem é normal, ou melhor, o que é "ser normal"? Isso realmente existe? Já imaginaram que mundo chato, monótono, teríamos se todos fossemos iguais? que bom que somos todos diferentes! Belas reflexões, pessoal!

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    1. Querida Marissa, obrigada por suas palavras tão gentis. Concordo que o mundo seria monótono demais se fôssemos todos iguais. É justamente convivendo com outras pessoas que "crescemos" como seres humanos, trocamos experiências, aprendemos, ensinamos, amadurecemos.Beijos.

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