quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Assim não dá!

No segundo dia de fevereiro, o grupo deste blog se reuniu novamente para que trouxéssemos novos temas à luz da discussão e para elaborarmos uma nova postagem. Algumas pessoas trouxeram matérias de jornal e colocaram os temas das mesmas para serem discutidos.

Entre a polêmica com o apagar dos grafites na cidade de São Paulo, a intolerância do novo presidente dos Estados Unidos com os imigrantes de países muçulmanos e a condição dos equipamentos de saúde mental em Santos, preferimos falar sobre o que acontece em nossa cidade.

Marcelo Damião pediu, para encerrar bem o assunto das últimas semanas com a definição do dicionário:


Começamos nosso velho novo assunto motivados por uma matéria que saiu no Jornal A Tribuna, que falava sobre as condições precárias do NAPS II, em Santos, com o título: "Saúde pública em Santos está na UTI: espaços deteriorados e sem recursos" - Link: http://www.atribuna.com.br/noticias/noticias-detalhe/cidades/saude-publica-em-santos-esta-na-uti-espacos-deteriorados-e-sem-recursos/?cHash=402552c1f39a47378e1755011a684e1a

Durante a leitura, pontuamos algumas coisas e uma delas foi a possibilidade de terceirização dos serviços de saúde mental, onde se repassa o bem público da saúde, direito do povo, às mãos de quem visa o lucro. Falamos sobre as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) da cidade, e como ocorreu esse processo.

Após a matéria, abrimos para os debates:

Manoel: "Se fechar (o NAPS II) lá, aqui vai fechar também? Vai vir alguma pessoa para cá?"

Ana Paula: "Aqui é o melhor (NAPS): vocês dão carinho para nós mas é difícil o tratamento, tem poucos funcionários - enquanto isso, alguns outros usuários diziam que conheciam outros serviços de saúde e outros não.

Elvira: "A Prefeitura quer explicar, mas nós temos senso crítico: a tendência é piorar."

Marcelo: "Nós estamos sucateados."

Radyr e Anislei falaram sobre as condições da unidade antiga do CAPS III Praia, e falam sobre o medo da perda de qualidade, de perder o contato com a equipe multidisciplinar e da mudança em si.

Ana Paula: "Tenho uma amiga no NAPS II e ele está completamente abandonado, pouca gente."

Elvira: "O medo que nos temos é disso aqui se tornar um lugar de apenas pegar remédios, como diz na matéria!"

Alfredo: "Tenho a impressão de ver gente viciada em remédio aqui."

Elvira: "Mas algumas pessoas são, isso acontece."

E levantamos a questão se essa unidade melhorou ou piorou: alguns concordaram que o convívio é melhor do que antes. Mas Marcelo falou: "Sempre tem alguma coisinha pra melhorar." Essa afirmação trouxe muitas falas dos participantes.

Elvira: "Nós poderíamos ter mais atividades extramuros, atividades fora daqui."

Ana Paula: "Poderia ter mais gente para atender o telefone, porque quando eu ligo aqui é difícil me atenderem."

Anislei: "O que precisa aqui é abrir o portão para quem precisa ser internado à noite: às vezes a gente surta, fica louca no meio da noite e tem de ir lá pra Zona Noroeste!"

Alfredo: "A imposição dessa terceirização pressiona a gente."

Ron: "A maldade que fazem com a gente é muito ruim, atrapalha nosso crescimento. Se for para fazer desse jeito, mais fácil colocar todo mundo na parede e fuzilar."

Após algumas risadas com a afirmação de Ron, as demandas continuaram, como a obrigação de vir à unidade frequentemente e de acordar cedo, a reafirmação do desejo do psiquiatra e psicólogo 24 horas na unidade.

Manoel: "Olha, eu fui muito maltratado em algumas instituições!"

Sílvia: "Mas para emergências, nós temos de acionar o SAMU e ir ao PS."

Anislei: "Mas pode ser aqui!"

E assim foi levantado um debate sobre o cuidado da urgência psiquiátrica ser realizado na UPA ou no próprio CAPS.

Manoel: A assembleia (realizada na unidade) existe para isso!"

Anislei: "Isso tem que dar impulso e reagir! Tomar alguma atitude!"

Sílvia: "E também existe o espaço do Conselho para isso."

Outro debate foi levantado, o dos Conselhos Gestores Locais e Municipais, levando Ana Paula a perguntar: "e por que a gente não vai (nos conselhos)". Também se falou de Sindicatos e Conselhos Regionais.

E uma última pergunta foi feita: o que fazemos para melhorar para isso?

Marisa: "Temos de ser mais amáveis uns com os outros."

Radyr: "Denunciar!"

Lucas a Ana Paula: "Podemos fazer abaixo-assinado e passeatas!"

Anislei: "Mas até os que vem só para pegar remédio tem que ir."

Elvira: "Acho que a exposição na mídia ajudou muito, cumpriu a função do jornalismo."

Encerramos, com muitas conversas efervescendo com as pessoas do grupo, reverberando na assembleia e em outros espaços.

Ilustremos então:





E para recordar: Manicômio nunca mais!

2 comentários:

  1. O Caps 3 reúne boas condições tanto no aspecto de um ambiente acolhedor quanto pela qualidade dos funcionários, proporcionando uma saudável convivência para os usuários. Concordo que existe falta de funcionários, o que sobrecarrega a equipe técnica. Sempre existe o que melhorar, especialmente criando mais atividades que distraiam os usuários. Muito boas as músicas selecionadas para o post.

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  2. Uau! Que discussão poderosa! Fiquei com vontade de estar nela! Quem sabe não marcamos uma conversa com usuários e trabalhadores de vários equipamentos da saúde mental de Santos?
    Um abraço e muitas saudades,
    Tahamy

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