Entre a polêmica com o apagar dos grafites na cidade de São Paulo, a intolerância do novo presidente dos Estados Unidos com os imigrantes de países muçulmanos e a condição dos equipamentos de saúde mental em Santos, preferimos falar sobre o que acontece em nossa cidade.
Marcelo Damião pediu, para encerrar bem o assunto das últimas semanas com a definição do dicionário:
Começamos nosso velho novo assunto motivados por uma matéria que saiu no Jornal A Tribuna, que falava sobre as condições precárias do NAPS II, em Santos, com o título: "Saúde pública em Santos está na UTI: espaços deteriorados e sem recursos" - Link: http://www.atribuna.com.br/noticias/noticias-detalhe/cidades/saude-publica-em-santos-esta-na-uti-espacos-deteriorados-e-sem-recursos/?cHash=402552c1f39a47378e1755011a684e1a
Durante a leitura, pontuamos algumas coisas e uma delas foi a possibilidade de terceirização dos serviços de saúde mental, onde se repassa o bem público da saúde, direito do povo, às mãos de quem visa o lucro. Falamos sobre as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) da cidade, e como ocorreu esse processo.
Após a matéria, abrimos para os debates:
Manoel: "Se fechar (o NAPS II) lá, aqui vai fechar também? Vai vir alguma pessoa para cá?"
Ana Paula: "Aqui é o melhor (NAPS): vocês dão carinho para nós mas é difícil o tratamento, tem poucos funcionários - enquanto isso, alguns outros usuários diziam que conheciam outros serviços de saúde e outros não.
Elvira: "A Prefeitura quer explicar, mas nós temos senso crítico: a tendência é piorar."
Marcelo: "Nós estamos sucateados."
Radyr e Anislei falaram sobre as condições da unidade antiga do CAPS III Praia, e falam sobre o medo da perda de qualidade, de perder o contato com a equipe multidisciplinar e da mudança em si.
Ana Paula: "Tenho uma amiga no NAPS II e ele está completamente abandonado, pouca gente."
Elvira: "O medo que nos temos é disso aqui se tornar um lugar de apenas pegar remédios, como diz na matéria!"
Alfredo: "Tenho a impressão de ver gente viciada em remédio aqui."
Elvira: "Mas algumas pessoas são, isso acontece."
E levantamos a questão se essa unidade melhorou ou piorou: alguns concordaram que o convívio é melhor do que antes. Mas Marcelo falou: "Sempre tem alguma coisinha pra melhorar." Essa afirmação trouxe muitas falas dos participantes.
Elvira: "Nós poderíamos ter mais atividades extramuros, atividades fora daqui."
Ana Paula: "Poderia ter mais gente para atender o telefone, porque quando eu ligo aqui é difícil me atenderem."
Anislei: "O que precisa aqui é abrir o portão para quem precisa ser internado à noite: às vezes a gente surta, fica louca no meio da noite e tem de ir lá pra Zona Noroeste!"
Alfredo: "A imposição dessa terceirização pressiona a gente."
Ron: "A maldade que fazem com a gente é muito ruim, atrapalha nosso crescimento. Se for para fazer desse jeito, mais fácil colocar todo mundo na parede e fuzilar."
Após algumas risadas com a afirmação de Ron, as demandas continuaram, como a obrigação de vir à unidade frequentemente e de acordar cedo, a reafirmação do desejo do psiquiatra e psicólogo 24 horas na unidade.
Manoel: "Olha, eu fui muito maltratado em algumas instituições!"
Sílvia: "Mas para emergências, nós temos de acionar o SAMU e ir ao PS."
Anislei: "Mas pode ser aqui!"
E assim foi levantado um debate sobre o cuidado da urgência psiquiátrica ser realizado na UPA ou no próprio CAPS.
Manoel: A assembleia (realizada na unidade) existe para isso!"
Anislei: "Isso tem que dar impulso e reagir! Tomar alguma atitude!"
Sílvia: "E também existe o espaço do Conselho para isso."
Outro debate foi levantado, o dos Conselhos Gestores Locais e Municipais, levando Ana Paula a perguntar: "e por que a gente não vai (nos conselhos)". Também se falou de Sindicatos e Conselhos Regionais.
E uma última pergunta foi feita: o que fazemos para melhorar para isso?
Marisa: "Temos de ser mais amáveis uns com os outros."
Radyr: "Denunciar!"
Lucas a Ana Paula: "Podemos fazer abaixo-assinado e passeatas!"
Anislei: "Mas até os que vem só para pegar remédio tem que ir."
Elvira: "Acho que a exposição na mídia ajudou muito, cumpriu a função do jornalismo."
Encerramos, com muitas conversas efervescendo com as pessoas do grupo, reverberando na assembleia e em outros espaços.
Ilustremos então:
E para recordar: Manicômio nunca mais!
O Caps 3 reúne boas condições tanto no aspecto de um ambiente acolhedor quanto pela qualidade dos funcionários, proporcionando uma saudável convivência para os usuários. Concordo que existe falta de funcionários, o que sobrecarrega a equipe técnica. Sempre existe o que melhorar, especialmente criando mais atividades que distraiam os usuários. Muito boas as músicas selecionadas para o post.
ResponderExcluirUau! Que discussão poderosa! Fiquei com vontade de estar nela! Quem sabe não marcamos uma conversa com usuários e trabalhadores de vários equipamentos da saúde mental de Santos?
ResponderExcluirUm abraço e muitas saudades,
Tahamy