Ron trouxe o assunto do café, que está sempre permeando o cotidiano da unidade. Um questionamento inicial foi de quanto o café interage com a medicação - "Tem gente contra e gente a favor!"
Manoel, Ron e Radyr começaram a falar sobre seu consumo pessoal do cafezinho no dia-a-dia fora do NAPS (ou CAPS, como foi discutido nesse encontro também), já que o cafezinho puro não é servido na unidade. No fim das contas todos os participantes tomam café, todos os dias. Quisemos, a partir desse encontro falar sobre o "monstro do café", dentro e fora da unidade!
Elvira: "Os pontos bons do café são que ele desperta, ativa o raciocínio, mantém concentrado... mas varar a madrugada, junto com refrigerantes já é demais. Tem de se ter um equilíbrio!"
Radyr: "Nós fizemos a visita (com o CAPS) ao Museu do Café, na Bolsa. Lá tomamos cafés diferentes (com leite, tipo exportação), degustamos."
E então levantamos a questão de onde e como o café está presente em nossas vidas: os afetos relacionados à bebida.
Elvira: "O cafezinho serve para bater um papo - vamos tomar um café? - No trabalho, para o encontro entre os colegas."
Manoel: "Quando a gente recebe visita em casa, a gente faz um café para quem chega."
Ron: "Ouvi dizer que faz bem pro coração!"
Radyr: "O café preto aqui foi cortado porque alguém disse que cortava o efeito da medicação" - discutimos que cada pessoa tem um esquema medicamentoso diferente, então não podemos dizer que essa afirmação é precisa.
Ron, Radyr e Manoel discutiram ainda que em outras instituições a bebida era liberada!
Elvira: "Pode proibir aqui, mas lá fora nós tomamos à vontade!"
Ron: "Faz bem para alguns, ativa e para outros, faz mal, desativa né?"
Marcelo: "Eu tomo uma xícara assim (gesticulando a grandeza da caneca), de manhã e de tarde. Há boatos que tira o sono!"
Discutimos também outros alimentos com cafeína, como refrigerantes e chá, que inclusive é oferecido no CAPS. Além de outros produtos com sabor de café.
Elvira: "O Brasil quer importar o café do Vietnã, acho isso um absurdo."
Maria Bernadete: "Um pouquinho não faz mal para ninguém."
Alfredo: "Antes de praticar esporte, também deixa a gente ligado."
Elvira: "O aroma do café faz lembrar de nossa casa, nossa infância, assim como um bolo quente. Isso traz lembranças afetivas."
Ana Carolina: "O cappuccino tira um pouco do amargo do café."
Ron: "E tem o café descafeinado!" - Instantâneo, solúvel, entre outros...
E a discussão chegou novamente ao ponto em que as pessoas tomam café.
Alfredo: "Meu pai só deixava tomar um golinho do copo dele." Wagner também disse que não tomava café quando criança, ao contrário dos outros usuários, que com mais idade, tomaram café em sua infância!"
Ana Carolina retomou a visita à bolsa e Radyr falou que o café tem a função de socializar.
Ron: "E tem também aquele cafezinho de cortesia após o almoço."
Marcelo e Manoel conversam sobre as quantidades enormes de café que suas famílias fazem, ou faziam.
Lemos a reposta da pergunta que enviamos aos nutricionistas da prefeitura, que recomendou que o consumo não fosse proibido, mas restringido pela unidade, pelo potencial de interação com os medicamentos.
Elvira: "Seria melhor se estivessem presentes aqui, para discutir essa questão." - levantaram também que deixaram a questão no ar, sem muitos encaminhamentos objetivos.
Wagner: "Disseram não e pronto" e Ana Carolina falou do termo "restrição" e não de proibição!
Elvira reafirmou que não adianta proibir aqui dentro.
Ana Carolina: "Se os usuários que tomam medicação não tomam café, então os funcionários também não deveriam tomar. Quando estava internada, uma pessoa tomou refrigerante enquanto trabalhava e isso trouxe problemas para mim."
Radyr: "Se aqui não é servido, é para o equipamento não assumir responsabilidade!"
Alfredo: "Só tomando café na rua mesmo." Na rua, "é liberado" - de acordo com Radyr. Ron e Marcelo concordam que as reações acontecem de organismo para organismo.
Algumas questões:
- É hábito, costume, mas vicia também. Entre essa, quais as outras dependências temos aqui na unidade?
Listamos: MEDICAÇÃO, jornal, música, cigarro, atividades, atenção dos técnicos.
-Questão: Se temos tanta dependência das coisas daqui, qual a importância desse lugar para nós?
"Esse lugar dá fé para nós", convivência com amigos, integrar à sociedade, compartilhar experiências, socializar!
-Por que trazer o café, então?
Porque é hábito, costume, cultura, rotina.
- E onde cultivamos hábitos, rotinas?
-"Em nossa casa!!!" - disse Marcelo.
-Então trazemos um pouco de nossa casa para cá, este espaço se torna uma casa, de convivência e relações. Como tornar esse lugar mais de nossa casa e casa de todos?
Ana Carolina: "Podíamos ter trazido um quilo de café cada um para fazer uma oficina!"
E por que não?
Até!
A abordagem do assunto "café" foi bem feita, porque todos os aspectos foram debatidos. Pra mim, basta tomar café com leite de manhã e, as vezes, um cafezinho oferecido como cortesia fora de casa. O café desperta meu raciocínio e minha atenção. Na minha casa a bebida mais consumida era o chá, devido a minha ascendência russa, mas a minha mãe adorava tomar café, o que foi um dos motivos que a levaram a emigrar para o Brasil. Valorizo o cafezinho como uma maneira de confraternização entre amigos e colegas. Visitei o Museu do Café três vezes conhecendo a história da planta e degustando os vários tipos de café existentes no Brasil. Essas visitas foram as mais interessantes que o nosso grupo fez. Muitos bons os links desse post.
ResponderExcluirPor coincidência a colunista Vera Leon, do jornal A Tribuna, de Santos, publicou o tópico "vai um café", na edição de 23 de fevereiro deste ano. O conteúdo é igualzinho ao deste post, quando é ressaltado o papel do cafezinho no encontro entre amigos.
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